De braços abertos: Campanha do Cristo Redentor já distribuiu 50 toneladas de alimentos

Mãos estendidas. Padre Omar, reitor do Santuário Cristo Redentor, está à frente das ações beneficentes Foto: Divulgação/Alini Simi/Santuário Cristo Redentor
Mãos estendidas. Padre Omar, reitor do Santuário Cristo Redentor, está à frente das ações beneficentes Foto: Divulgação/Alini Simi/Santuário Cristo Redentor

RIO – Ele sempre esteve de braços abertos. Mas, em tempos de pandemia e de muito sofrimento para tanta gente, o Cristo Redentor tem sido mais acolhedor do que nunca. Desde o início da quarentena, em meados de março, seu santuário, através do reitor, padre Omar Raposo, vem fazendo ações para minimizar os impactos do novo coronavírus na vida dos mais necessitados. Inicialmente, doações de alimentos, produtos de higiene e materiais de limpeza estavam sendo recebidas na Igreja de São José da Lagoa, da qual padre Omar é pároco, e distribuídas para instituições sociais da região.

Mas ele viu que o potencial de captação era grande e que o alcance poderia ser muito maior. E, em 10 de abril, domingo de Páscoa, lançou a plataforma digital Cristo Redentor, Eu Quero Doar. No site cristoredentor.euquerodoar.com.br, é possível se cadastrar para ajudar mensalmente com quantias de R$ 30 a R$ 120 via cartão de crédito. As contribuições são convertidas em insumos para doação: desde o início da campanha, já foram distribuídos 50 toneladas de alimentos, sete mil itens de higiene pessoal, 270 mil pães produzidos pela Associação Arquidiocesana Tarde Com Maria e 60 mil ovos. No total, moradores de 150 comunidades carentes, como Santa Marta, Rocinha e Cantagalo/Pavão-Pavãozinho têm sido assistidos.

— Não tinha como incentivar as pessoas a irem à igreja doar se a recomendação é não sair de casa. Então, percebi que o Cristo Redentor poderia ser o garoto-propaganda das nossas ações. E ele virou um agregador de pessoas e importante auxiliar na captação de recursos. Montamos uma logística de distribuição a partir da São José e, junto com as doações, estamos levando palavras de esperança — destaca padre Omar, que faz questão de participar das entregas.

Presente. Padre Omar faz questão de acompanhar as entregas das doações Foto: Divulgação
Presente. Padre Omar faz questão de acompanhar as entregas das doações Foto: Divulgação

A verba também é destinada ao preparo das 300 quentinhas distribuídas diariamente a moradores de rua de bairros como Copacabana, Ipanema e Laranjeiras. Silvia Gonzaga, coordenadora das ações sociais do santuário, destaca a importância da iniciativa:

— Há muitas pessoas em situação de extrema pobreza. É muito sofrimento, muita gente sem alimento.

As doações para o santuário do Cristo estão extrapolando o ambiente do site. No início de maio, a empresária Nathália Schneider, sócia da joalheria Priya, no Leblon, por exemplo, doou seis peças de ouro 18k, que foram leiloadas ao vivo nas redes sociais da marca e do monumento. Os R$ 25 mil arrecadados foram integralmente revertidos em cestas básicas, doadas para 600 famílias carentes.

— Estamos num momento de pensar no outro. Queria ajudar há muito tempo, e Padre Omar foi a ferramenta para fazer tudo acontecer. Fiquei encantada com o que ele vem fazendo pelos mais necessitados — afirma Nathália.

Um grupo de moradores de Ipanema, que criou o projeto Colabora Agora, de doação de cartões pré-pagos com R$ 200 (cada) para pessoas em situação de vulnerabilidade social, destinou 500 unidades para o Cristo Redentor.

— Sabíamos que pelas mãos do padre Omar os cartões chegariam a quem realmente precisa. Ele é supersério, do bem, e faz o que está ao alcance para ajudar o próximo — destaca a advogada Rosa Amôedo, uma das idealizadoras do projeto.

Redentor solidário. Morador de comunidade recebe cesta básica do Santuáriodo Cristo Foto: Divulgação
Redentor solidário. Morador de comunidade recebe cesta básica do Santuáriodo Cristo Foto: Divulgação

Parte dos cartões foi destinada a mães de alunos da Escola Municipal Marly Fróes Peixoto, que fica dentro da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), no Jardim Botânico, e é voltada para portadores de necessidades especiais. Dos 42 estudantes, dois morreram de coronavírus.

— A maioria das mães não pode sair de casa para trabalhar, porque os filhos são muito sensíveis, então enfrentam uma dificuldade financeira muito grande. Quando padre Omar viu o sufoco que essas famílias estavam passando, ficou muito sensibilizado e ofereceu, além dos cartões, cestas básicas, produtos de limpeza e fraldas — relata Marcia Carvalho, diretora da instituição.

Uma das mães de alunos que receberam o cartão foi a dona de casa Anna Franca. Ela mora em Botafogo com o filho Rodrigo Ottavio, de 27 anos, que é cego e tem traços de autismo, e conta que “a ajuda do padre Omar foi um alívio e chegou na hora certa”:

— Estávamos no limite, porque meu ex-marido, que nos sustenta, está sem trabalho. Quando veio esse dinheiro, voltei a sorrir.

Ajuda na hora certa. A dona de casa Anna Franca e o filho Rodrigo Ottavio Foto: Arquivo pessoal
Ajuda na hora certa. A dona de casa Anna Franca e o filho Rodrigo Ottavio Foto: Arquivo pessoal

Outra entidade que recebeu parte dos cartões destinados ao Cristo foi a creche Obra do Berço, na Lagoa. A instituição filantrópica está fechada, mas segue dando assistência às famílias de seus 80 alunos.

— Todas estão enfrentando muitas dificuldades, a maior pandemia é a da fome. Padre Omar é muito presente e generoso, o coração dele e o do Cristo batem juntos — afirma Maria Luiza Marinho, presidente da Obra do Berço.

O sacerdote diz que está apenas exercendo a sua missão como padre:

— É muito bonito ver o bem se espalhar.

Fonte: O Globo